sábado, 28 de junho de 2014

ANO DE 1960 - POMAR EM MARIANSKÉ LAZNE - CHECOSLOVÁQUIA


Registros fotográficos da passagem de Pedro Pomar por Marianské LazneAgosto de 1960


                    Geraldo Aguiar, Francisco Pereira, o filho Eduardo e Pedro Pomar            

                                         Francisco, Pedro, Eduardo e Geraldo

                                           Francisco, Eduardo, Geraldo e Pedro


                                           Francisco, Pedro, Ruy Alves e Geraldo


                                       Geraldo e Eduardo, com Pedro ao fundo  

                             
                                    Francisco, Eduardo, Pedro e Geraldo Aguiar




FOTOS CATARINA


                                                    Catarina a irmã Orlandina
                              Com o filho Carlos, então nora Valeria e netos Ted, Felipe e Luciana
                                                         
                   Em Portugal, com Pedro, Wladimir, Eduardo e Jonas, com Jonas e filhos de amigos e no Rio

                                                Com a irmã Orlandina e a neta Tatiana    

                                                          Com a sobrinha Rochelle

domingo, 4 de maio de 2014

DALCIDIO JURANDIR






Dalcídio Jurandir e Pedro Pomar eram conterrâneos e trabalharam juntos no final da década de 40 no jornal Imprensa Popular.
Além da amizade e trabalho comum ainda eram vizinhos no Leblon - Dalcídio morando na rua Ataulfo de Paiva, entre Dias Ferreira e Aristides Espíndola e Pomar morando na Dias Ferreira, 78, no mesmo quarteirão.
Dalcídio Jurandir nasceu na Vila de Ponte de Pedras, Ilha de Marajó, em 1909, e em 1910 muda-se para Vila de Cachoeira, na mesma ilha, onde o pai exerce cargo de Secretário da Intendência Municipal. Aí passa a infância e aprende as primeiras letras em casa com a mãe. Após fazer a Escola Mista Estadual e iniciar o primário, termina-o em Belém, para onde se transfere, hospedando-se em casa de parentes, em 1922. Matricula-se no Ginásio Paes de Carvalho, cancelando a matrícula em 1927, não concluindo o segundo ano.
No ano seguinte viaja para o Rio de Janeiro. Sem meios de sobrevivência, trabalha como lavador de pratos num restaurante do bairro da Saúde e logo depois é admitido como revisor, sem remuneração, na redação da revista Fon-Fon. Ainda em 28, volta a Belém, no mesmo navio Lloyd em que viera, trabalhando na copa. Começa a ler clássicos emprestados de brasileiros e portugueses. É nomeado Secretário Tesoureiro da Intendência Municipal de Gurupá, Baixo Amazonas, onde escreve a primeira versão de Chove nos Campos de Cachoeira. Deixa o cargo, trabalha num barracão comercial de amigo que ensina as primeiras letras aos seus dois filhos.
Em 1931 conclui livro de contos e um romance, lembranças da infância em Marajó, faz poemas e descreve paisagens. Retorna a Belém, sem emprego. Graças a amigos, é nomeado auxiliar de gabinete da Interventoria do Estado. Colabora nos jornais O Imparcial, Crítica e Estado do Pará. Transferido para a Secretaria da Polícia Civil, pede para ser lotado na Diretoria de Educação e Ensino, no que é atendido. Promovido, secretaria a revista Escola. Colabora nas revistas Guajarina e A Semana, e no jornal Estado do Pará. Em 1936, é preso, incomunicável, por suas ideias esquerdistas, tendo participado ativamente do movimento da Aliança Nacional Libertadora, conseguindo, a custo, levar o Dom Quixote, de Cervantes, que lê na prisão, nos dois meses em que lá permanece. Novamente preso em 37, por quatro meses, devido à campanha contra o fascismo. Em 38, volta às suas funções e em 39 vai para Salvaterra, Marajó, como Inspetor Escolar.
Reescreve Chove nos Campos de Cachoeira e escreve o segundo romance. Colabora nas revistas Terra Imatura e Pará Ilustrado. Obtém primeiro lugar no concurso literário do jornal Dom Casmurro e Editora Vecchi (entre quase cem escritores, cujo júri era formado por Jorge Amado, Oswald de Andrade, Álvaro Moreyra e Rachel de Queiroz, em 1940). Em 41, é lançado este primeiro romance, no Rio. Trabalha em vários jornais, assina coluna, redige textos publicitários, legendas para filmes de educação, colabora no Correio da Manhã, revista O Cruzeiro. Em 52, vai à União Soviética, em seguida Chile. Publica romances. Em 72, recebe Prêmio Machado de Assis, pelo Conjunto de Obra, pela ABL. Escritor de uma prosa poética, publicou vários poemas em revistas, como no n.º 3 da Guajarina (exemplo: o sensual Posse). Com produção maior na prosa, como romancista, ensaísta, cronista, a visão poética está sempre presente, como o último capítulo do primeiro romance (Irene é o princípio do mundo de Chove nos Campos…)
Livros: Chove nos Campos de Cachoeira. Romance. RJ, Vecchi, 1941. 1.º Prêmio Vecchi/Dom Casmurro. Marajó. Romance. RJ, José Olympio, 1947. Três Casas e um Rio. Romance. RJ, Martins, 1958. Linha do Parque. Romance. RJ, Vitória, 1959. Belém do Grão-Pará. Romance. RJ, Martins, 1960. Prêmio Paula Brito da Biblioteca do Estado da Guanabara, e o Prêmio Luiza Cláudio de Souza do PEN Clube do Brasil. Linha do Parque. Edição russa. Moscou, 1961. Apresentação de Jorge Amado. Passagem dos Inocentes. Romance. RJ, Martins, 1963. Primeira Manhã. RJ, Martins, 1968. Ponte do Galo. Romance. RJ, 1971. Os Habitantes. Romance. RJ, Artenova, 1976. Chão dos Lobos. RJ, Record, 1976. Ribanceira. Romance. RJ, Record, 1978.
Há reedições de suas obras por outras editoras. Em 1991 reedita a CEJUP o primeiro romance, pretendendo editar toda a obra. Os poemas aqui apresentados são das revistas citadas e do livro A Poesia do Texto, de Benedicto Monteiro, bela transcriação com trechos da ficção poética de Dalcídio Jurandir, que faleceu no Rio de Janeiro, em 1979.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ENEIDA DE MORAES

Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar (Óbidos23 de setembro de 1913 — São Paulo16 de dezembro de 1976) foi um políticobrasileiro, fundador do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Foi o primeiro filho de Felipe Cossio Pomar e Rosa de Araújo Pomar. Seu pai, pintor e escritor peruano, foi criador do APRA (Aliança Para a Revolução Americana). A mãe, Rosa, era maranhense, tendo ido para Óbidos quando seu pai, subtenente, foi transferido para o Batalhão de Artilharia.
Em 1918, quando Pedro tinha 5 anos, a família fez uma viagem aos Estados Unidos. Moraram em Nova Iorque. Um ano depois, o casal se separou. Rosa encarregou-se, então, de sustentar sozinha, como costureira, os três filhos: Pedro, Roman e Eduardo.
Com treze anos, Pedro saiu de Óbidos, sozinho, para fazer o ginásio em Belém, onde se envolveu na movimentação política dos anos 30.
Em setembro de 1932, participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Esmagada a revolta, passou algum tempo no Rio de Janeiro, depois retornou a Belém, onde concluiu o ginásio.
Não se sabe ao certo quando Pomar passou a integrar as fileiras do PCB, mas é certo que foi recrutado pela escritora Eneida de Moraes.
Aos 19 anos, entrou para a Faculdade de Medicina. Nessa época, também jogava futebol, profissionalmente, no Clube do Remo.
Em 5 de dezembro de 1935, casou-se com Catharina Patrocínia Torres. Tiveram quatro filhos.

CANDIDO PORTINARI

Portinari: um comunista militante da causa da paz


Cândido Portinari foi um militante da causa da paz. A definição é de seu filho, João Cândido Portinari, que na tarde da quinta-feira (26) recebeu representantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para uma visita de cortesia na exposição Guerra e Paz, no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo. Ele havia sido convidado para a festa dos 90 anos dos comunistas brasileiros no Rio de Janeiro, mas, impossibilitado de comparecer, agendou a visita da quinta-feira.
Delegação do PCdoB. No centro, João Cândido Portinari
Foto: Fabi Datovo
Em conversa com o Portal Grabois, João Cândido Portinari explicou a idéia de montar a exposição no Brasil. Segundo ele, os murais Guerra e Paz são a síntese da obra de Portinari. Eles passaram por um detalhado trabalho de restauro, realizado entre fevereiro e maio de 2011, que trouxeram de volta às obras o cromatismo intenso que caracteriza o trabalho. Na exposição estão também outras obras de Portinari — 88 delas emprestadas para a exposição —, além de cartas e fotos que retratam a trajetória de criação do artista. O visitante é apresentado à obra monumental do artista brasileiro com documentários sobre a sua vida e os trabalhos executados para trazer os murais que pertencem à Organização das Nações Unidas (ONU) ao Brasil.
Casal Portinari com seu filho, Joao Cândido
João Cândido Portinari, filho único do pintor, disse que a idéia de montar a exposição surgiu com a notícia de reforma no prédio da ONU, que vai até 2013. Caiu a ficha, disse ele. Seria a grande chance de mostrar ao mundo e ao Brasil uma das obras mais importantes da carreira de Cândido Portinari. Antes de iniciar seu giro pelo mundo, os murais foram expostos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro — o mesmo local da sua inauguração há exatos 54 anos. Segundo João Cândido Portinari, em 15 dias 44 mil pessoas visitaram a exposição no Rio de Janeiro. Em São Paulo, já são 150 mil.
Na década de 1980, ele teve a idéia de criar o Projeto Portinari, cujo objetivo é divulgar a obra do pintor. Percorreu mais de vinte países catalogando as obras do pai. A sínteses de tudo, disse, são os murais Guerra e Paz. “Já imaginávamos que meu pai considerava essa a obra mais importante. Mas encontramos nos arquivos do Projeto Portinari uma entrevista que ele deu no ano em que os painéis foram instalados na ONU dizendo que essa era a obra mais importante da sua vida e que a dedicava à humanidade. Não cabe dúvida, portanto, de que a síntese de tudo que ele fez são esses murais. Quando se olha para os detalhes de Guerra e Paz, aparece alguma tela que Portinari pintou em sua vida”, disse.
Retrato de João Cândido com Cavalo, 1941
Segundo ele, o pai seguiu à risca a frase do escritor russo Tostói: se queres ser universal, comece por pintar a sua aldeia. Cândido Portinari nasceu cercado de pés de café, na Alta Mogiana paulista, e começou a pintar o que via. Foi se universalizando, até atingir o ponto máximo com Guerra e Paz, disse João Cândido Portinari. Nem um artista pintou seu país como ele. “Quando se olha para a sua obra, lá estão temas históricos, sociais, religiosos, o trabalho no campo e na cidade, a infância, as festas e os tipos populares, o povo e a alma brasileira”, disse João Cândido Portinari.
O legado de Cândido Portinari é um retrato crítico e ao mesmo tempo emocionado do povo brasileiro, da alma brasileira, afirmou. “O triste é que esse legado está invisível. Mais de 95% da produção dele estão em coleções particulares, em salas de bancos, inacessíveis à vista pública. A missão do Projeto Portinari é levar a mensagem humana e política de Cândido Portinari aos quatro cantos do mundo, de toda forma possível. Estamos trabalhando há 33 anos para isso”, disse.
Dirigentes comunistas
Portinari recebe de Prestes carteira de membro do Partido Comunista do Brasil. Ao fundo, Aydano do Couto Ferraz, Dalcídio Jurandir, Pedro Motta Lima (diretor do jornal “Tribuna Popular”) e Álvaro Moreyra. 1946
Foto: Zélia Gattai
Sobre a militância de Cândido Portinari no Partido Comunista do Brasil, ele lembrou que os comunistas fizeram a frente antifascista, uma iniciativa que atraiu Cândido Portinari. “O Partido era a única opção humanista. Tentaram intrigar Portinari com o Partido, mas ele morreu comunista. Até o último suspiro ele era do Partido”, afirmou. João Cândido Portinari comentou que quando os Estados Unidos negaram o visto para o pai inaugurar Guerra e Paz na ONU, as autoridades ofereceram a possibilidade de conseguir reverter a situação caso ele negasse a condição de comunista — proposta veementemente recusada.
Prestes, por Cândido Portinari
Ele lembrou a amizade do pai com dirigentes comunistas, especialmente Luis Carlos Prestes, o escritor Dalcídio Jurandir e Pedro Pomar. Lembrou também que Cândido Portinari foi reconhecido mundialmente pela sua militância em defesa da paz. “Quando ele fez o painel Tiradentes, ganhou, no ano seguinte, a medalha de ouro da paz das mãos de Frederic Joliot-Curie, presidente do Conselho Mundial da Paz”, afirmou.
Portinari e o filho, no Rio de Janeiro
Segundo João Cândido Portinari, esse compromisso do pai o levou a ignorar a proibição médica de pintar por questão de saúde. “Em meados dos anos 1950 ocorreu a primeira hemorragia. Mas ele jamais poderia deixar de passar essa mensagem de paz em um lugar como a ONU. Pagou um alto preço e acabou falecendo em 1962”, afirmou. Para João Cândido Portinari, a temática da paz, tão cara para o pai, é atualíssima. “Por isso, estamos planejando levar a exposição para Noruega, na entrega do Prêmio Nobel da Paz, e para a China”, disse.
Reencontro com a história
A visita da delegação do PCdoB a João Cândido Portinari foi uma espécie de reencontro com a militância do pintor. Cândido Portinari se aproximou dos comunistas ainda na década de 1930 e desempenhou papel ativo, ao lado de outros intelectuais, na Aliança Nacional Libertadora (ANL). Quando os comunistas se lançaram na campanha pela democratização do país, no início da década de 1940, Cândido Portinari voltou a integrar os movimentos que procuravam organizar o povo. No “Comício São Paulo a Luis Carlos Prestes”, realizado no estádio do Pacaembu na cidade de São Paulo em 15 junho de 1945, ele estava presente. “Nem sei o que dizer. Achei as palavras de Prestes uma coisa fantástica, fabulosa. Ele aponta o caminho que o povo deve seguir”, afirmou ao jornal Tribuna Popular após o evento.
O mesmo jornal publicou que em Caxias, no Rio Grande do Sul, os comunistas, compreendendo que a mais imediata reivindicação dos moradores do bairro de Feijó era a construção de um templo católico, “resolveram lançar-se à execução do mesmo”.  ”Operários de outras convicções políticas juntaram-se aos comunistas nos trabalhos de levantamento da igreja. A notícia transmitida para todo o Brasil, como era natural, alcançou a mais ampla e simpática repercussão, mais uma vez demonstrando, na prática, o espírito unitário dos comunistas brasileiros”, disse a Tribuna Popular.
Ao saber da notícia, Portinari ofereceu sua colaboração, tendo, nesse sentido, telegrafado ao Comitê Municipal do Partido Comunista de Caxias.
O telegrama foi assim redigido:
“Tendo lido na Tribuna Popular a noticia do movimento pró-construção de uma igreja no bairro Feijó na cidade de Caxias, resolvi colaborar na feliz iniciativa prontificando-me a pintar a imagem do padroeiro da referida igreja.
Aguardo resposta para a Rua Cosme Velho nº 103 Rio — Candido Portinari.”
Em 1945, Portinari foi candidato a deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil em São Paulo. “Confesso que foi grande a minha emoção ao saber da inclusão do meu nome na chapa do Partido Comunista. Se não se tratasse desse Partido, de maneira nenhuma aceitaria. Você compreende, não tenho jeito para deputado, mas pertenço ao povo, com todos os seus defeitos e qualidades, por isso lutarei pelo Partido do povo (…) Resolvi aceitar a inclusão do meu nome porque considero o Partido Comunista como a única grande muralha contra o fascismo e a reação, que tentam sobrenadar ao dilúvio a que foram arrastados pelos acontecimentos. É preciso haver uma mudança, o homem merece uma existência mais digna. Minha arma é a pintura”, disse ele à revista Diretrizes.
Quando as ameaças de cassação do registro do Partido Comunista do Brasil começaram a ganhar força, em 1946, Pedro Pomar aproximou-se de Adhemar de Barros, ex-interventor do Estado Novo em São Paulo e industrial, com vistas a estabelecer uma aliança eleitoral. Os comunistas sairiam candidatos pelo Partido Social Progressista (PSP), criado por Adhemar de Barros para abrigar sua candidataria a governador. A aliança aproximava o industrial do eleitorado trabalhador e os comunistas se livravam das ameaças que despontavam no horizonte com o recrudescimento do anticomunismo do governo Eurico Dutra. De quebra, garantia a candidatura ao Senado de Cândido Portinari.

Cândido Portinari era natural de Brodowski, em São Paulo, cidade próxima a Ribeirão Preto, e estava em compromissos profissionais na França quando Pomar e Prestes iniciaram um périplo pelo interior paulista. Chegou dia 26 de dezembro de 1946, pegou a caravana andando e fez sucesso por onde passou. O histórico dirigente comunista Diógenes Arruda Câmara conta que ele fazia comícios formidáveis, admiráveis.
“Ele contava muita história da vida dele, história de quando ele era filho de sitiantes lá em Brodowski. E também histórias outras. Ele gostava de contar muitas histórias engraçadas. E no interior de São Paulo se gostava muito daquela maneira caipira que ele falava. Eu me recordo que participando de um comício com Portinari, ele contava uma história interessante. Quando ele estava fazendo os murais do Ministério da Educação, que são os chamados ciclos da história do Brasil, o Capanema, que era ministro da Educação, disse: Portinari, está faltando aqui um quadro. Ele disse: Qual é o quadro? Era botar Caxias como o pacificador do Brasil, o patrono do Exército. Porque senão aqueles murais seriam considerados subversivos. Não é possível — você faça essa concessão.
E o Portinari ficou bravo, não quis mais continuar a fazer os murais etc. Então, por muita solicitação, muitos pedidos de Capanema, Portinari aquiesceu em fazer o retrato de Caxias. Não um quadro. E de vez em quando o Capanema ia acompanhar a feitura dos murais. Um dia Capanema pergunta ao Portinari se ele já havia pintado o retrato de Caxias. Ele disse: Perfeitamente, pode vir olhar. O Capanema começou a olhar o mural sobre o pau-brasil, o mural sobre a era do ouro, depois o mural sobre a mineração, sobre o açúcar, o café, a pecuária também etc. E o Capanema vai olhando, vai olhando… volta e diz: Mas não está — não vejo o retrato de Caxias. Ele diz: É porque você não olhou direito. Volte a olhar os quadros. Aí, dizia o Portinari, o Capanema voltou e disse: Mas eu não vejo o Caxias. Onde é que você botou o Caxias?
Ele o chamou para frente do mural que era a pecuária e disse: Olha aqui nesse mural que você vê o retrato de Caxias. Ele disse: Mas eu não vejo, Portinari! Ele disse: Você não vê? Olhe para esta bosta de boi que ela tem a cara do Caxias (risos). Estava a cara de Caxias ali numa bosta de boi (risos). Então o Capanema disse: Não faça isso, Portinari! (rindo) Nós vamos todos para a cadeia! Ele disse: Bem, se você não quer o Caxias como essa bosta de boi eu apago o negócio e fica o dito pelo não dito (risos). E assim ele contava… e o pessoal ria (rindo), dava gargalhadas, batia palmas no interior de São Paulo. E assim (gargalhadas)… era maravilhoso!” (*)
Pedro Pomar foi eleito com 135.031 votos e Arruda com 62.889. Adhemar de Barros elegeu-se governador e Portinari recebeu 287.897 votos. Segundo Arruda, a eleição para o Senado foi fraudada. “Nós elegemos um senador, que foi o Cândido Portinari, o grande pintor. Ele foi eleito. Basta dizer o seguinte: o Roberto Simonsen, que havia sido apoiado pelo PSD, pelo Getúlio e por todo mundo, estava atrás da votação de Portinari cerca de 50 mil votos. Essa noite ia ser fechada a ata geral das eleições em São Paulo. Na noite seguinte, para surpresa, os quase 50 mil votos de diferença a favor do Portinari haviam passado milagrosamente… ou melhor dito: foram roubados e passados para Roberto Simonsen. Quer dizer: o Roberto Simonsen não foi eleito pelo eleitorado. Foi eleito pelo Tribunal Estadual Eleitoral de São Paulo. O verdadeiro senador eleito foi Cândido Portinari”, diz ele.
Veto dos Estados Unidos
Em 1949, a embaixada dos Estados Unidos anunciou a proibição imposta a Cândido Portinari de participar de um congresso cultural e científico pela “paz mundial” naquele país. O deputado comunista Pedro Pomar denunciou o caso na tribuna da Câmara. Segundo ele, o evento fora organizado por trezentas personalidades americanas, das mais destacadas nos Estados Unidos, e seria realizado na Universidade de Harvard. O congresso teria apoio de grandes artistas e escritores, como Aaron Copland, Max Webber, Howard Fast, Paul Robinson, Thomas Mann, além de reverendos e outras modalidades de intelectuais estadunidenses — todos desejosos de que o povo americano mantivesse relações pacíficas com os demais povos.
Um patrício, homem do povo, artista brilhante, um dos maiores pintores do mundo, merecia mais respeito, disse Pomar. Era inadmissível que o governo dos Estados Unidos, por meio da sua embaixada, afrontasse a consciência patriótica brasileira. “Ora, o nosso patrício Cândido Portinari recebeu dos promotores do congresso convite especial, que muito honra o nosso povo e que distingue sobremodo o insigne brasileiro”, discursou.
Pedro Pomar denunciou que o caso era mais uma pinimba do embaixador — possivelmente a serviço de alguma autoridade brasileira — do que qualquer outra coisa. Segundo ele, foram convidados também artistas e escritores de outras procedências, inclusive soviéticos. “Qual o motivo por que foi negado este visto? A aludida embaixada nem sequer se dignou de responder aos jornais desta capital, inclusive O Globo,vespertino notoriamente a serviço dos americanos”, disse.
As palavras do Correio da Manhã sobre a proibição imposta a Portinari, “o maior artista do nosso povo”, eram provas de que o jornal advogava o ponto de vista americano. Em um editorial do mesmo dia do discurso, oCorreio da Manhã disse que o congresso americano pela paz colocava um dilema: “Entre ficar com a União Soviética e o imperialismo americano, preferimos este último.” Portinari deveria estar em uma masmorra, onde “não haja burgueses nem agitadores e gostaríamos de senti-lo acorrentado ao seu atelier“, disse o editorial.
Para Pedro Pomar, a expressão atelier era uma forma de embair a opinião pública e não trair o desejo, o pensamento do articulista do editorial. Desejava ele, realmente, ver Portinari em uma prisão, onde não pudesse produzir arte alguma nem ter contato com o povo, ficando privado de criar obras que condenassem aquele estado de coisas. “Essa é a vontade do Correio da Manhã e dos norte-americanos, que fazem verdadeira ‘cortina de ferro’ para que homens como esse grande artista não possam levar ao povo americano a mensagem de fraternidade de nosso país”, afirmou.
Naqueles dias, o presidente Eurico Gaspar Dutra viajara para os Estados Unidos acompanhado de uma “corte de banqueiros” e do ministro da Guerra, Canrobert Pereira da Costa. Segundo Pedro Pomar, foram negociar tratados, entregar a pátria aos magnatas norte-americanos.
“E para levar o senhor Canrobert Pereira da Costa mandam esses senhores uma fortaleza voadora. Ora, esta distinção entre brasileiros que os norte-americanos estão fazendo é grande lição para o nosso povo. Realmente, entre o senhor Canrobert Pereira da Costa e o maior artista de nossa terra — Cândido Portinari — há enorme diferença: um, vai a serviço da guerra, comprar mais armamentos velhos, recolher, em uma palavra, as diretivas tendentes a mais facilmente atrelar o nosso povo ao carro de guerra dos generais norte-americanos, dos políticos e banqueiros de Walll Street; o outro é um artista brasileiro, que não está a serviço da guerra, mas é um mensageiro das aspirações de paz e de progresso de nossa gente”, disse.
Afiado, Pedro Pomar esmerou-se na crítica à distinção que o governo norte-americano fazia entre Dutra e Canrobert Pereira da Costa, de um lado, e Portinari, de outro. A discriminação, disse, era uma honra para o artista, porque ela se estendia aos maiores sábios do mundo.
“É o medo da cultura, aquele medo a que se referiu em artigo domingo no Diário de Notícias uma colunista reacionária norte-americana, Doroty Thompson, quando foi obrigada a confessar que, atualmente, os capitalistas norte-americanos receiam a cultura, querem fechar as universidades porque, dizem eles, são elas viveiros de comunistas. Assim, são obrigados a confessar que o regime norte-americano caminha para o fascismo, porque este é inimigo figadal da cultura. Esse regime não pode aceitar os homens mais cultos, abrir as portas do país às pessoas amantes da paz, não admite que o povo norte-americano saiba que os povos de todo orbe advogam uma paz justa, duradoura, através da convivência pacífica entre as nações”, discursou.
Em contrapartida aos “porta-vozes ianques em nosso país”, verdadeiros “caixeiros de Wall Street” e “traidores que perderam a dignidade nacional, como acontece com o Correio da Manhã”, surgiu a voz de escritores, de “inteligências patrícias”, como Aníbal Machado, dizendo o seguinte: “Uma decisão chocante, não só para o Brasil, como para a cultura universal. Fechando as suas portas a um artista da estatura de Portinari, dá a América do Norte uma demonstração inequívoca de que a sua democracia está periclitante.”
Pedro Pomar citou também declarações de Edson Carneiro, “notável sociólogo e historiador patrício”: “Não é ridículo que um país poderoso tenha medo de cidadãos pacíficos como Deão de Canterbury, Lombardo Teodano, Oscar Niemeyer, Paul Eluard? O Departamento de Estado está apavorado diante do fantasma que criou. Portinari seria nos Estados Unidos uma voz de paz, mais uma voz contra o Pacto do Atlântico, o Plano Marshall e outras medidas de preparação de nova guerra. A paz está se tornando um ‘tabu’ para os homens de Wall Street. Portinari honraria os Estados Unidos com a sua visita. E a recusa americana honra Portinari.”
Citou ainda palavras de Pedro Nava: “Acho o cúmulo do absurdo o governo norte-americano impedir a entrada de Portinari nos Estados Unidos, quando é sabido ser ele um dos maiores brasileiros vivos.”
E do contista e jornalista Dias da Costa: “Mais uma vez fica demonstrado que a ‘cortina de ferro’ está no hemisfério ocidental dominado pelo imperialismo ianque amedrontado ante as forças vivas que ameaçam extinguir a dominação do dólar.”
O autor de Canção do beco, disse Pedro Pomar, prosseguiu: “Portinari é um dos maiores pintores do mundo e, como já acontecera com Oscar Niemeyer que no momento tem uma exposição de sua grande obra aberta no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, ao lado de Corbusier, vê-se proibido de visitar os Estados Unidos. Iria o nosso pintor abalar a solidez de Wall Street com a sua arte? Que respondam os ‘democratas’ de Mr. Truman.”
Pedro Pomar informou que a Associação Brasileira de Escritores (ABDE), seção do Distrito Federal, designara uma comissão para avistar-se com o embaixador norte-americano, a fim de solicitar a retirada do veto ao passaporte de Portinari. E leu o seguinte trecho de uma entrevista do pintor:
“Acho que a atitude do Departamento de Estado, através da embaixada americana no Rio, não precisa de comentários. De passagem, porém, ocorrem-me alguns contrastes interessantes e bastante significativos. Como você sabe, estive no Uruguai como hóspede do governo. Estive também na França em idênticas condições, e lá me concedeu o governo a Legião de Honra. Agora… Bem, o Departamento de Estado acha que eu sou um homem perigoso.”
Segundo Pedro Pomar, o engraçado em tudo aquilo, conforme disse Portinari “num largo sorriso”, é que eles viviam falando em “cortina de ferro”. “Em seguida, o grande pintor lembra que no tempo de Roosevelt ele foi convidado para decorar a Biblioteca do Congresso, e acrescenta”:
“Vejam agora a que ficou reduzida a boa-vizinhança de Roosevelt. O Sr. Truman, há poucos dias, queixou-se de que se falava demais na palavra “democracia”. Ora, não estou de adulo com o Sr. Truman, principalmente depois da atitude do Departamento de Estado. Ao contrário, penso que em vez de “bom dia” a gente deveria dizer ‘democracia’. Nunca é demais lembrar que existe uma coisa com esse nome, pelo menos em alguns países onde ela está sendo traída a cada instante.” 
Telegrama de Portinari a Raul Fernandes 
Pedro Pomar também disse que Portinari mostrou sua indignação por meio de um telegrama de protesto dirigido ao ministro do Exterior, Raul Fernandes. “Representante do povo, democrata e patriota, protesto contra essa medida vexatória, convencido de que toda a nação e a consciência universal repudiam a política guerreira, de verdadeiro colonialismo, que vêm movendo os Estados Unidos contra o nosso país”, finalizou.
Pomar anunciou também que Portinari era um dos que convocaram um congresso da paz no Brasil — além de Caio Prado Júnior, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Evandro Lins e Silva, Sérgio Buarque de Holanda e Oscar Niemeyer.
Alegria para os comunistas
Adalberto Monteiro e Vital Nolasco, dirigentes do PCdoB, mostram a João Cândido Portinari revista “Princípios” com pintura de Portinari na capa. Foto: Fabi Datovo  
A visita da delegação comunista a João Cândido Portinari na quinta-feira (26) foi simbólica, segundo Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e secretário nacional de Formação do PCdoB. Para ele, o simbolismo está representado no reconhecimento da importância da militância de Cândido Portinari nas fileiras comunistas e do seu relevante papel na construção da cultura nacional. Segundo Adalberto Monteiro, Portinari pôs o seu talento a serviço da paz e se engajou na defesa do Brasil e dos brasileiros.
Para ele, a forma afetuosa como João Cândido Portinari recebeu a delegação do PCdoB por quase três horas é motivo de imensa alegria para os comunistas. Esse encontro ganha mais simbolismo por ter se realizado no ano em que o Partido Comunista do Brasil completa 90 anos, disse Adalberto Monteiro. Ele lembrou que o documento sobre as comemorações do Partido recentemente aprovado pelo Comitê Central ressalta a contribuição da intelectualidade para a formação na nação brasileira, na qual Portinari teve um papel destacado.
João Cândido Portinari cercado de estudantes. Foto: Fabi Datovo
Durante a visita da delegação do PCdoB, João Cândido Portinari fez questão de receber os demais visitantes à exposição — principalmente crianças que se emocionavam ao saber que estavam falando com o filho do pintor famoso. Para ele, as manifestações dos estudantes são provas de que o povo gosta de cultura. João Cândido Portinari  conversou com as crianças, foi fotografado inúmeras vezes e sempre registrava o prazer de ver a admiração pelas obras do pai. Em um momento, ao apresentar a delegação do PCdoB para os estudantes, disse: “Esses são amigos, são do Partido do meu pai.”
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*João Cândido Portinari informa que o personagem mencionado por Arruda não é o Caxias. “Portinari retratou uma pessoa numa bosta de boi, sim. Mas não foi Caxias. Foi Oswald de Andrade”, diz ele. “Oswald de Andrade vinha fazendo críticas maldosas e ferinas a meu pai e este, para fazer uma ‘vingança’ bem humorada, retratou Oswald numa bosta de boi que aparece no afresco ‘Gado’ da Série Ciclos Econômicos (ou Trabalho na Terra Brasileira)”, afirma. “Comprova este fato, entre outros, o depoimento que foi prestado pelo pintorr Enrico Bianco, principal assistente de meu pai, que com ele trabalhava nesta Série naquele momento. Este depoimento faz parte do acervo documental do Projeto Portinari, e está disponível para consulta”, completa.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

HOMENAGEM DA UNIÃO DA RECONSTRUÇÃO COMUNISTA

segunda-feira, 23 de setembro de 2013


Honra e Glória ao camarada Pedro Pomar!


No dia 23 de Setembro de 2013 todos os revolucionários brasileiros comemoram o centenário de Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, histórico líder dos comunistas brasileiros e expressão elevada de militante marxista-leninista. Pedro Pomar ingressou nas fileiras do P.C.B. (Partido Comunista do Brasil) em 1932 e desde então se portou como um digno combatente da classe operária. Foi um dos principais integrantes da CNOP, Comissão Nacional de Reorganização Provisória, que reorganizou o Partido Comunista do Brasil na Conferência Nacional da Mantiqueira em 1943. 

Com a vitória das forças democráticas e anti-imperialistas contra o nazi-fascismo, a luta democrática ganhou enorme impulso. No Brasil, o Partido Comunista do Brasil conquistou sua legalidade e chegou a eleger uma expressiva bancada de deputados federais e um senador. É também nessa época que o Partido passa a alimentar ilusões de cunho eleitoreiro, indícios de que o revisionismo possuía uma ampla base para o seu desenvolvimento. Pomar, mesmo ocupando postos de alto relevo na direção partidária, nunca se enveredou para o caminho da conciliação e cumpriu com firmeza todas as tarefas e missões colocadas pelo Partido.

Um dos grandes méritos do camarada Pedro Pomar foi o de ter se colocado, de maneira firme e decidida, contra o oportunismo e o revisionismo que ganhavam espaço na organização. Na Tribuna de Debates do Vº Congresso do Partido Comunista do Brasil, Pomar interviu defendendo o Partido contra os desvios oportunistas de direita da direção, influenciada pelas teses revisionistas de Kruschev e o famigerado XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética.

Em 1962, ao lado de Amazonas e Grabois, foi um dos principais dirigentes responsáveis pela reorganização do Partido Comunista do Brasil, demarcando campo com os revisionistas que haviam transformado o Partido em “Partido Comunista Brasileiro” e atolado definitivamente esta organização no pântano do revisionismo. Pomar compreendeu os importantes avanços obtidos pela luta revolucionária do povo chinês e as contribuições teóricas de seu principal líder, camarada Mao Tsé-tung. Foi um grande defensor da luta armada revolucionária para combater o regime fascista dos militares, libertar o Brasil do imperialismo e fazer avançar a revolução proletária.  

Após a derrota da experiência guerrilheira dirigida pelo Partido Comunista do Brasil – que ficara conhecida como “Guerrilha do Araguaia” – Pomar se esforça para compreender os erros que levaram a derrota dessa importante experiência revolucionária. Recusa adotar posições derrotistas e continua defendendo o caminho da luta armada revolucionária até sua morte, em São Paulo, no episódio conhecido como “Chacina da Lapa”, quando bandidos da reação invadiram o local onde se realizava uma reunião do Comitê Central do Partido e executaram de maneira brutal, além de Pomar, o camarada Ângelo Arroyo. Naquela reunião se discutia como o Partido iria interpretar o legado da Guerrilha do Araguaia.

Nós, da União Reconstrução Comunista, inclinamos nossas bandeiras vermelhas em respeito a Pedro Pomar, grande líder e dirigente dos comunistas brasileiros. Sua vida é fonte de inspiração para nossa militância, que saberá honrar sua memória. O camarada Pedro Pomar foi, sem dúvida alguma, um dos maiores marxista-leninistas brasileiros. 

Camarada Pedro Pomar, presente!
Viva o Marxismo-Leninismo!

UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA
São Paulo, 23 de setembro de 2013

RESIDENCIA EM ÓBIDOS - PARÁ



PAINEL 06: Residência da Família Pomar

ANTIGA RESIDENCIA DE PEDRO POMAR
Casa que pertence aos familiares do líder revolucionário Pedro Pomar que, segundo alguns parentes, nela morou, quando menino, em companhia de sua mãe. Assim, esta residência está intimamente ligada à vida desse homem de militância tão expressiva na História política do Brasil.
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, nasceu em Óbidos, em 23 de setembro de 1913, filho de Felipe Cássio Pomar e Rosa de Araújo, uma maranhense chegada a Óbidos quando seu pai, o subtenente Pedro Francisco de Araújo foi transferido para o Batalhão de Artilharia da Costa, nessa cidade. Pedro Pomar recebeu forte influência do avô Pedro Araújo, o que se comprova através de sua marcante atuação política.
O OBIDENSE PEDRO POMAR
Em 1918, a família fez viagem aos EUA, ficando por lá um ano, época em que aconteceu a separação do casal. Dona Rosa, encontrando-se sozinha com seus filhos, retornou a Óbidos, passando a trabalhar como costureira – profissão que exerceu com grande habilidade – onde dizem ter sido a mais criativa modista, costurando para a elite da cidade, inclusive fazendo fantasias para os blocos carnavalescos organizados pelas famílias mais ricas de Óbidos.
Com relação às pessoas para quem Dona Rosa costurava, o fato de vestirem e calçarem-se bem, terem boa alimentação e o melhor lazer, gerou-lhe inconformismo por tanta injustiça e diferença social.

Como estudante, em Belém, Pedro Pomar deu início às suas atividades políticas, nas manifestações de cunho estudantil na década de 30, liderando campanhas reivindicatórias para abatimento de taxas escolares, cinemas transportes etc. Além de fazer oposição ao governo autoritário de Magalhães Barata, ainda participou ativamente nas organizações e lutas de trabalhadores, como estivadores, motorneiros (condutores de bonde) e outros.
PEDRO POMAR E AAMÍLIA
Pedro Pomar foi um dos articuladores da Revolução Constitucionalista (São Paulo), em Belém. Em solidariedade aos revolucionários paulistas, dentre os quais figuravam estudantes, operários e comerciantes. Com a intensificação dessas atividades sofreu muita perseguição do Governo, momentos em que, com solidariedade e companheirismo, Catharina Torres,sua esposa desde 1935, apoiou-o e participou ativamente do momento político.
Pomar trabalhou ainda como jornalista, sendo diretor do jornal Tribuna Popular, e em 1947, concorreu em São Paulo às eleições para Deputado Federal pelo Partido Comunista do Brasil, onde anteriormente havia sido Diretor Regional. Foi eleito e o mais votado, em sua "dobradinha" com o então deputado estadual Mário Lago. Tendo sido o único a exercer o mandato, pois os outros foram cassados.
Por sua intensa atividade no Partido, e principalmente, por sua atuação política, houve uma delação onde um dos participantes da reunião entregou os demais. Em 16 de dezembro de 1976, no Bairro da Lapa, em São Paulo, Pedro Pomar foi assassinado.
Atualmente, a casa ainda pertence a seus parentes, que estão dispersos em Óbidos, Manaus, Santarém, Belém, São Paulo, cidade em que seus filhos são militantes políticos, engajados na mesma luta do pai.
Antiga residência de Pedro Pomar
Na fachada da residência placa do Museu Contextual

FONTE: Museu Integrado de Óbidos
www.chupaosso.com.br

Fotos de João Canto