quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ENEIDA DE MORAES

Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar (Óbidos23 de setembro de 1913 — São Paulo16 de dezembro de 1976) foi um políticobrasileiro, fundador do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Foi o primeiro filho de Felipe Cossio Pomar e Rosa de Araújo Pomar. Seu pai, pintor e escritor peruano, foi criador do APRA (Aliança Para a Revolução Americana). A mãe, Rosa, era maranhense, tendo ido para Óbidos quando seu pai, subtenente, foi transferido para o Batalhão de Artilharia.
Em 1918, quando Pedro tinha 5 anos, a família fez uma viagem aos Estados Unidos. Moraram em Nova Iorque. Um ano depois, o casal se separou. Rosa encarregou-se, então, de sustentar sozinha, como costureira, os três filhos: Pedro, Roman e Eduardo.
Com treze anos, Pedro saiu de Óbidos, sozinho, para fazer o ginásio em Belém, onde se envolveu na movimentação política dos anos 30.
Em setembro de 1932, participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Esmagada a revolta, passou algum tempo no Rio de Janeiro, depois retornou a Belém, onde concluiu o ginásio.
Não se sabe ao certo quando Pomar passou a integrar as fileiras do PCB, mas é certo que foi recrutado pela escritora Eneida de Moraes.
Aos 19 anos, entrou para a Faculdade de Medicina. Nessa época, também jogava futebol, profissionalmente, no Clube do Remo.
Em 5 de dezembro de 1935, casou-se com Catharina Patrocínia Torres. Tiveram quatro filhos.

CANDIDO PORTINARI

Portinari: um comunista militante da causa da paz


Cândido Portinari foi um militante da causa da paz. A definição é de seu filho, João Cândido Portinari, que na tarde da quinta-feira (26) recebeu representantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para uma visita de cortesia na exposição Guerra e Paz, no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo. Ele havia sido convidado para a festa dos 90 anos dos comunistas brasileiros no Rio de Janeiro, mas, impossibilitado de comparecer, agendou a visita da quinta-feira.
Delegação do PCdoB. No centro, João Cândido Portinari
Foto: Fabi Datovo
Em conversa com o Portal Grabois, João Cândido Portinari explicou a idéia de montar a exposição no Brasil. Segundo ele, os murais Guerra e Paz são a síntese da obra de Portinari. Eles passaram por um detalhado trabalho de restauro, realizado entre fevereiro e maio de 2011, que trouxeram de volta às obras o cromatismo intenso que caracteriza o trabalho. Na exposição estão também outras obras de Portinari — 88 delas emprestadas para a exposição —, além de cartas e fotos que retratam a trajetória de criação do artista. O visitante é apresentado à obra monumental do artista brasileiro com documentários sobre a sua vida e os trabalhos executados para trazer os murais que pertencem à Organização das Nações Unidas (ONU) ao Brasil.
Casal Portinari com seu filho, Joao Cândido
João Cândido Portinari, filho único do pintor, disse que a idéia de montar a exposição surgiu com a notícia de reforma no prédio da ONU, que vai até 2013. Caiu a ficha, disse ele. Seria a grande chance de mostrar ao mundo e ao Brasil uma das obras mais importantes da carreira de Cândido Portinari. Antes de iniciar seu giro pelo mundo, os murais foram expostos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro — o mesmo local da sua inauguração há exatos 54 anos. Segundo João Cândido Portinari, em 15 dias 44 mil pessoas visitaram a exposição no Rio de Janeiro. Em São Paulo, já são 150 mil.
Na década de 1980, ele teve a idéia de criar o Projeto Portinari, cujo objetivo é divulgar a obra do pintor. Percorreu mais de vinte países catalogando as obras do pai. A sínteses de tudo, disse, são os murais Guerra e Paz. “Já imaginávamos que meu pai considerava essa a obra mais importante. Mas encontramos nos arquivos do Projeto Portinari uma entrevista que ele deu no ano em que os painéis foram instalados na ONU dizendo que essa era a obra mais importante da sua vida e que a dedicava à humanidade. Não cabe dúvida, portanto, de que a síntese de tudo que ele fez são esses murais. Quando se olha para os detalhes de Guerra e Paz, aparece alguma tela que Portinari pintou em sua vida”, disse.
Retrato de João Cândido com Cavalo, 1941
Segundo ele, o pai seguiu à risca a frase do escritor russo Tostói: se queres ser universal, comece por pintar a sua aldeia. Cândido Portinari nasceu cercado de pés de café, na Alta Mogiana paulista, e começou a pintar o que via. Foi se universalizando, até atingir o ponto máximo com Guerra e Paz, disse João Cândido Portinari. Nem um artista pintou seu país como ele. “Quando se olha para a sua obra, lá estão temas históricos, sociais, religiosos, o trabalho no campo e na cidade, a infância, as festas e os tipos populares, o povo e a alma brasileira”, disse João Cândido Portinari.
O legado de Cândido Portinari é um retrato crítico e ao mesmo tempo emocionado do povo brasileiro, da alma brasileira, afirmou. “O triste é que esse legado está invisível. Mais de 95% da produção dele estão em coleções particulares, em salas de bancos, inacessíveis à vista pública. A missão do Projeto Portinari é levar a mensagem humana e política de Cândido Portinari aos quatro cantos do mundo, de toda forma possível. Estamos trabalhando há 33 anos para isso”, disse.
Dirigentes comunistas
Portinari recebe de Prestes carteira de membro do Partido Comunista do Brasil. Ao fundo, Aydano do Couto Ferraz, Dalcídio Jurandir, Pedro Motta Lima (diretor do jornal “Tribuna Popular”) e Álvaro Moreyra. 1946
Foto: Zélia Gattai
Sobre a militância de Cândido Portinari no Partido Comunista do Brasil, ele lembrou que os comunistas fizeram a frente antifascista, uma iniciativa que atraiu Cândido Portinari. “O Partido era a única opção humanista. Tentaram intrigar Portinari com o Partido, mas ele morreu comunista. Até o último suspiro ele era do Partido”, afirmou. João Cândido Portinari comentou que quando os Estados Unidos negaram o visto para o pai inaugurar Guerra e Paz na ONU, as autoridades ofereceram a possibilidade de conseguir reverter a situação caso ele negasse a condição de comunista — proposta veementemente recusada.
Prestes, por Cândido Portinari
Ele lembrou a amizade do pai com dirigentes comunistas, especialmente Luis Carlos Prestes, o escritor Dalcídio Jurandir e Pedro Pomar. Lembrou também que Cândido Portinari foi reconhecido mundialmente pela sua militância em defesa da paz. “Quando ele fez o painel Tiradentes, ganhou, no ano seguinte, a medalha de ouro da paz das mãos de Frederic Joliot-Curie, presidente do Conselho Mundial da Paz”, afirmou.
Portinari e o filho, no Rio de Janeiro
Segundo João Cândido Portinari, esse compromisso do pai o levou a ignorar a proibição médica de pintar por questão de saúde. “Em meados dos anos 1950 ocorreu a primeira hemorragia. Mas ele jamais poderia deixar de passar essa mensagem de paz em um lugar como a ONU. Pagou um alto preço e acabou falecendo em 1962”, afirmou. Para João Cândido Portinari, a temática da paz, tão cara para o pai, é atualíssima. “Por isso, estamos planejando levar a exposição para Noruega, na entrega do Prêmio Nobel da Paz, e para a China”, disse.
Reencontro com a história
A visita da delegação do PCdoB a João Cândido Portinari foi uma espécie de reencontro com a militância do pintor. Cândido Portinari se aproximou dos comunistas ainda na década de 1930 e desempenhou papel ativo, ao lado de outros intelectuais, na Aliança Nacional Libertadora (ANL). Quando os comunistas se lançaram na campanha pela democratização do país, no início da década de 1940, Cândido Portinari voltou a integrar os movimentos que procuravam organizar o povo. No “Comício São Paulo a Luis Carlos Prestes”, realizado no estádio do Pacaembu na cidade de São Paulo em 15 junho de 1945, ele estava presente. “Nem sei o que dizer. Achei as palavras de Prestes uma coisa fantástica, fabulosa. Ele aponta o caminho que o povo deve seguir”, afirmou ao jornal Tribuna Popular após o evento.
O mesmo jornal publicou que em Caxias, no Rio Grande do Sul, os comunistas, compreendendo que a mais imediata reivindicação dos moradores do bairro de Feijó era a construção de um templo católico, “resolveram lançar-se à execução do mesmo”.  ”Operários de outras convicções políticas juntaram-se aos comunistas nos trabalhos de levantamento da igreja. A notícia transmitida para todo o Brasil, como era natural, alcançou a mais ampla e simpática repercussão, mais uma vez demonstrando, na prática, o espírito unitário dos comunistas brasileiros”, disse a Tribuna Popular.
Ao saber da notícia, Portinari ofereceu sua colaboração, tendo, nesse sentido, telegrafado ao Comitê Municipal do Partido Comunista de Caxias.
O telegrama foi assim redigido:
“Tendo lido na Tribuna Popular a noticia do movimento pró-construção de uma igreja no bairro Feijó na cidade de Caxias, resolvi colaborar na feliz iniciativa prontificando-me a pintar a imagem do padroeiro da referida igreja.
Aguardo resposta para a Rua Cosme Velho nº 103 Rio — Candido Portinari.”
Em 1945, Portinari foi candidato a deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil em São Paulo. “Confesso que foi grande a minha emoção ao saber da inclusão do meu nome na chapa do Partido Comunista. Se não se tratasse desse Partido, de maneira nenhuma aceitaria. Você compreende, não tenho jeito para deputado, mas pertenço ao povo, com todos os seus defeitos e qualidades, por isso lutarei pelo Partido do povo (…) Resolvi aceitar a inclusão do meu nome porque considero o Partido Comunista como a única grande muralha contra o fascismo e a reação, que tentam sobrenadar ao dilúvio a que foram arrastados pelos acontecimentos. É preciso haver uma mudança, o homem merece uma existência mais digna. Minha arma é a pintura”, disse ele à revista Diretrizes.
Quando as ameaças de cassação do registro do Partido Comunista do Brasil começaram a ganhar força, em 1946, Pedro Pomar aproximou-se de Adhemar de Barros, ex-interventor do Estado Novo em São Paulo e industrial, com vistas a estabelecer uma aliança eleitoral. Os comunistas sairiam candidatos pelo Partido Social Progressista (PSP), criado por Adhemar de Barros para abrigar sua candidataria a governador. A aliança aproximava o industrial do eleitorado trabalhador e os comunistas se livravam das ameaças que despontavam no horizonte com o recrudescimento do anticomunismo do governo Eurico Dutra. De quebra, garantia a candidatura ao Senado de Cândido Portinari.

Cândido Portinari era natural de Brodowski, em São Paulo, cidade próxima a Ribeirão Preto, e estava em compromissos profissionais na França quando Pomar e Prestes iniciaram um périplo pelo interior paulista. Chegou dia 26 de dezembro de 1946, pegou a caravana andando e fez sucesso por onde passou. O histórico dirigente comunista Diógenes Arruda Câmara conta que ele fazia comícios formidáveis, admiráveis.
“Ele contava muita história da vida dele, história de quando ele era filho de sitiantes lá em Brodowski. E também histórias outras. Ele gostava de contar muitas histórias engraçadas. E no interior de São Paulo se gostava muito daquela maneira caipira que ele falava. Eu me recordo que participando de um comício com Portinari, ele contava uma história interessante. Quando ele estava fazendo os murais do Ministério da Educação, que são os chamados ciclos da história do Brasil, o Capanema, que era ministro da Educação, disse: Portinari, está faltando aqui um quadro. Ele disse: Qual é o quadro? Era botar Caxias como o pacificador do Brasil, o patrono do Exército. Porque senão aqueles murais seriam considerados subversivos. Não é possível — você faça essa concessão.
E o Portinari ficou bravo, não quis mais continuar a fazer os murais etc. Então, por muita solicitação, muitos pedidos de Capanema, Portinari aquiesceu em fazer o retrato de Caxias. Não um quadro. E de vez em quando o Capanema ia acompanhar a feitura dos murais. Um dia Capanema pergunta ao Portinari se ele já havia pintado o retrato de Caxias. Ele disse: Perfeitamente, pode vir olhar. O Capanema começou a olhar o mural sobre o pau-brasil, o mural sobre a era do ouro, depois o mural sobre a mineração, sobre o açúcar, o café, a pecuária também etc. E o Capanema vai olhando, vai olhando… volta e diz: Mas não está — não vejo o retrato de Caxias. Ele diz: É porque você não olhou direito. Volte a olhar os quadros. Aí, dizia o Portinari, o Capanema voltou e disse: Mas eu não vejo o Caxias. Onde é que você botou o Caxias?
Ele o chamou para frente do mural que era a pecuária e disse: Olha aqui nesse mural que você vê o retrato de Caxias. Ele disse: Mas eu não vejo, Portinari! Ele disse: Você não vê? Olhe para esta bosta de boi que ela tem a cara do Caxias (risos). Estava a cara de Caxias ali numa bosta de boi (risos). Então o Capanema disse: Não faça isso, Portinari! (rindo) Nós vamos todos para a cadeia! Ele disse: Bem, se você não quer o Caxias como essa bosta de boi eu apago o negócio e fica o dito pelo não dito (risos). E assim ele contava… e o pessoal ria (rindo), dava gargalhadas, batia palmas no interior de São Paulo. E assim (gargalhadas)… era maravilhoso!” (*)
Pedro Pomar foi eleito com 135.031 votos e Arruda com 62.889. Adhemar de Barros elegeu-se governador e Portinari recebeu 287.897 votos. Segundo Arruda, a eleição para o Senado foi fraudada. “Nós elegemos um senador, que foi o Cândido Portinari, o grande pintor. Ele foi eleito. Basta dizer o seguinte: o Roberto Simonsen, que havia sido apoiado pelo PSD, pelo Getúlio e por todo mundo, estava atrás da votação de Portinari cerca de 50 mil votos. Essa noite ia ser fechada a ata geral das eleições em São Paulo. Na noite seguinte, para surpresa, os quase 50 mil votos de diferença a favor do Portinari haviam passado milagrosamente… ou melhor dito: foram roubados e passados para Roberto Simonsen. Quer dizer: o Roberto Simonsen não foi eleito pelo eleitorado. Foi eleito pelo Tribunal Estadual Eleitoral de São Paulo. O verdadeiro senador eleito foi Cândido Portinari”, diz ele.
Veto dos Estados Unidos
Em 1949, a embaixada dos Estados Unidos anunciou a proibição imposta a Cândido Portinari de participar de um congresso cultural e científico pela “paz mundial” naquele país. O deputado comunista Pedro Pomar denunciou o caso na tribuna da Câmara. Segundo ele, o evento fora organizado por trezentas personalidades americanas, das mais destacadas nos Estados Unidos, e seria realizado na Universidade de Harvard. O congresso teria apoio de grandes artistas e escritores, como Aaron Copland, Max Webber, Howard Fast, Paul Robinson, Thomas Mann, além de reverendos e outras modalidades de intelectuais estadunidenses — todos desejosos de que o povo americano mantivesse relações pacíficas com os demais povos.
Um patrício, homem do povo, artista brilhante, um dos maiores pintores do mundo, merecia mais respeito, disse Pomar. Era inadmissível que o governo dos Estados Unidos, por meio da sua embaixada, afrontasse a consciência patriótica brasileira. “Ora, o nosso patrício Cândido Portinari recebeu dos promotores do congresso convite especial, que muito honra o nosso povo e que distingue sobremodo o insigne brasileiro”, discursou.
Pedro Pomar denunciou que o caso era mais uma pinimba do embaixador — possivelmente a serviço de alguma autoridade brasileira — do que qualquer outra coisa. Segundo ele, foram convidados também artistas e escritores de outras procedências, inclusive soviéticos. “Qual o motivo por que foi negado este visto? A aludida embaixada nem sequer se dignou de responder aos jornais desta capital, inclusive O Globo,vespertino notoriamente a serviço dos americanos”, disse.
As palavras do Correio da Manhã sobre a proibição imposta a Portinari, “o maior artista do nosso povo”, eram provas de que o jornal advogava o ponto de vista americano. Em um editorial do mesmo dia do discurso, oCorreio da Manhã disse que o congresso americano pela paz colocava um dilema: “Entre ficar com a União Soviética e o imperialismo americano, preferimos este último.” Portinari deveria estar em uma masmorra, onde “não haja burgueses nem agitadores e gostaríamos de senti-lo acorrentado ao seu atelier“, disse o editorial.
Para Pedro Pomar, a expressão atelier era uma forma de embair a opinião pública e não trair o desejo, o pensamento do articulista do editorial. Desejava ele, realmente, ver Portinari em uma prisão, onde não pudesse produzir arte alguma nem ter contato com o povo, ficando privado de criar obras que condenassem aquele estado de coisas. “Essa é a vontade do Correio da Manhã e dos norte-americanos, que fazem verdadeira ‘cortina de ferro’ para que homens como esse grande artista não possam levar ao povo americano a mensagem de fraternidade de nosso país”, afirmou.
Naqueles dias, o presidente Eurico Gaspar Dutra viajara para os Estados Unidos acompanhado de uma “corte de banqueiros” e do ministro da Guerra, Canrobert Pereira da Costa. Segundo Pedro Pomar, foram negociar tratados, entregar a pátria aos magnatas norte-americanos.
“E para levar o senhor Canrobert Pereira da Costa mandam esses senhores uma fortaleza voadora. Ora, esta distinção entre brasileiros que os norte-americanos estão fazendo é grande lição para o nosso povo. Realmente, entre o senhor Canrobert Pereira da Costa e o maior artista de nossa terra — Cândido Portinari — há enorme diferença: um, vai a serviço da guerra, comprar mais armamentos velhos, recolher, em uma palavra, as diretivas tendentes a mais facilmente atrelar o nosso povo ao carro de guerra dos generais norte-americanos, dos políticos e banqueiros de Walll Street; o outro é um artista brasileiro, que não está a serviço da guerra, mas é um mensageiro das aspirações de paz e de progresso de nossa gente”, disse.
Afiado, Pedro Pomar esmerou-se na crítica à distinção que o governo norte-americano fazia entre Dutra e Canrobert Pereira da Costa, de um lado, e Portinari, de outro. A discriminação, disse, era uma honra para o artista, porque ela se estendia aos maiores sábios do mundo.
“É o medo da cultura, aquele medo a que se referiu em artigo domingo no Diário de Notícias uma colunista reacionária norte-americana, Doroty Thompson, quando foi obrigada a confessar que, atualmente, os capitalistas norte-americanos receiam a cultura, querem fechar as universidades porque, dizem eles, são elas viveiros de comunistas. Assim, são obrigados a confessar que o regime norte-americano caminha para o fascismo, porque este é inimigo figadal da cultura. Esse regime não pode aceitar os homens mais cultos, abrir as portas do país às pessoas amantes da paz, não admite que o povo norte-americano saiba que os povos de todo orbe advogam uma paz justa, duradoura, através da convivência pacífica entre as nações”, discursou.
Em contrapartida aos “porta-vozes ianques em nosso país”, verdadeiros “caixeiros de Wall Street” e “traidores que perderam a dignidade nacional, como acontece com o Correio da Manhã”, surgiu a voz de escritores, de “inteligências patrícias”, como Aníbal Machado, dizendo o seguinte: “Uma decisão chocante, não só para o Brasil, como para a cultura universal. Fechando as suas portas a um artista da estatura de Portinari, dá a América do Norte uma demonstração inequívoca de que a sua democracia está periclitante.”
Pedro Pomar citou também declarações de Edson Carneiro, “notável sociólogo e historiador patrício”: “Não é ridículo que um país poderoso tenha medo de cidadãos pacíficos como Deão de Canterbury, Lombardo Teodano, Oscar Niemeyer, Paul Eluard? O Departamento de Estado está apavorado diante do fantasma que criou. Portinari seria nos Estados Unidos uma voz de paz, mais uma voz contra o Pacto do Atlântico, o Plano Marshall e outras medidas de preparação de nova guerra. A paz está se tornando um ‘tabu’ para os homens de Wall Street. Portinari honraria os Estados Unidos com a sua visita. E a recusa americana honra Portinari.”
Citou ainda palavras de Pedro Nava: “Acho o cúmulo do absurdo o governo norte-americano impedir a entrada de Portinari nos Estados Unidos, quando é sabido ser ele um dos maiores brasileiros vivos.”
E do contista e jornalista Dias da Costa: “Mais uma vez fica demonstrado que a ‘cortina de ferro’ está no hemisfério ocidental dominado pelo imperialismo ianque amedrontado ante as forças vivas que ameaçam extinguir a dominação do dólar.”
O autor de Canção do beco, disse Pedro Pomar, prosseguiu: “Portinari é um dos maiores pintores do mundo e, como já acontecera com Oscar Niemeyer que no momento tem uma exposição de sua grande obra aberta no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, ao lado de Corbusier, vê-se proibido de visitar os Estados Unidos. Iria o nosso pintor abalar a solidez de Wall Street com a sua arte? Que respondam os ‘democratas’ de Mr. Truman.”
Pedro Pomar informou que a Associação Brasileira de Escritores (ABDE), seção do Distrito Federal, designara uma comissão para avistar-se com o embaixador norte-americano, a fim de solicitar a retirada do veto ao passaporte de Portinari. E leu o seguinte trecho de uma entrevista do pintor:
“Acho que a atitude do Departamento de Estado, através da embaixada americana no Rio, não precisa de comentários. De passagem, porém, ocorrem-me alguns contrastes interessantes e bastante significativos. Como você sabe, estive no Uruguai como hóspede do governo. Estive também na França em idênticas condições, e lá me concedeu o governo a Legião de Honra. Agora… Bem, o Departamento de Estado acha que eu sou um homem perigoso.”
Segundo Pedro Pomar, o engraçado em tudo aquilo, conforme disse Portinari “num largo sorriso”, é que eles viviam falando em “cortina de ferro”. “Em seguida, o grande pintor lembra que no tempo de Roosevelt ele foi convidado para decorar a Biblioteca do Congresso, e acrescenta”:
“Vejam agora a que ficou reduzida a boa-vizinhança de Roosevelt. O Sr. Truman, há poucos dias, queixou-se de que se falava demais na palavra “democracia”. Ora, não estou de adulo com o Sr. Truman, principalmente depois da atitude do Departamento de Estado. Ao contrário, penso que em vez de “bom dia” a gente deveria dizer ‘democracia’. Nunca é demais lembrar que existe uma coisa com esse nome, pelo menos em alguns países onde ela está sendo traída a cada instante.” 
Telegrama de Portinari a Raul Fernandes 
Pedro Pomar também disse que Portinari mostrou sua indignação por meio de um telegrama de protesto dirigido ao ministro do Exterior, Raul Fernandes. “Representante do povo, democrata e patriota, protesto contra essa medida vexatória, convencido de que toda a nação e a consciência universal repudiam a política guerreira, de verdadeiro colonialismo, que vêm movendo os Estados Unidos contra o nosso país”, finalizou.
Pomar anunciou também que Portinari era um dos que convocaram um congresso da paz no Brasil — além de Caio Prado Júnior, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Evandro Lins e Silva, Sérgio Buarque de Holanda e Oscar Niemeyer.
Alegria para os comunistas
Adalberto Monteiro e Vital Nolasco, dirigentes do PCdoB, mostram a João Cândido Portinari revista “Princípios” com pintura de Portinari na capa. Foto: Fabi Datovo  
A visita da delegação comunista a João Cândido Portinari na quinta-feira (26) foi simbólica, segundo Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e secretário nacional de Formação do PCdoB. Para ele, o simbolismo está representado no reconhecimento da importância da militância de Cândido Portinari nas fileiras comunistas e do seu relevante papel na construção da cultura nacional. Segundo Adalberto Monteiro, Portinari pôs o seu talento a serviço da paz e se engajou na defesa do Brasil e dos brasileiros.
Para ele, a forma afetuosa como João Cândido Portinari recebeu a delegação do PCdoB por quase três horas é motivo de imensa alegria para os comunistas. Esse encontro ganha mais simbolismo por ter se realizado no ano em que o Partido Comunista do Brasil completa 90 anos, disse Adalberto Monteiro. Ele lembrou que o documento sobre as comemorações do Partido recentemente aprovado pelo Comitê Central ressalta a contribuição da intelectualidade para a formação na nação brasileira, na qual Portinari teve um papel destacado.
João Cândido Portinari cercado de estudantes. Foto: Fabi Datovo
Durante a visita da delegação do PCdoB, João Cândido Portinari fez questão de receber os demais visitantes à exposição — principalmente crianças que se emocionavam ao saber que estavam falando com o filho do pintor famoso. Para ele, as manifestações dos estudantes são provas de que o povo gosta de cultura. João Cândido Portinari  conversou com as crianças, foi fotografado inúmeras vezes e sempre registrava o prazer de ver a admiração pelas obras do pai. Em um momento, ao apresentar a delegação do PCdoB para os estudantes, disse: “Esses são amigos, são do Partido do meu pai.”
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*João Cândido Portinari informa que o personagem mencionado por Arruda não é o Caxias. “Portinari retratou uma pessoa numa bosta de boi, sim. Mas não foi Caxias. Foi Oswald de Andrade”, diz ele. “Oswald de Andrade vinha fazendo críticas maldosas e ferinas a meu pai e este, para fazer uma ‘vingança’ bem humorada, retratou Oswald numa bosta de boi que aparece no afresco ‘Gado’ da Série Ciclos Econômicos (ou Trabalho na Terra Brasileira)”, afirma. “Comprova este fato, entre outros, o depoimento que foi prestado pelo pintorr Enrico Bianco, principal assistente de meu pai, que com ele trabalhava nesta Série naquele momento. Este depoimento faz parte do acervo documental do Projeto Portinari, e está disponível para consulta”, completa.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

HOMENAGEM DA UNIÃO DA RECONSTRUÇÃO COMUNISTA

segunda-feira, 23 de setembro de 2013


Honra e Glória ao camarada Pedro Pomar!


No dia 23 de Setembro de 2013 todos os revolucionários brasileiros comemoram o centenário de Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, histórico líder dos comunistas brasileiros e expressão elevada de militante marxista-leninista. Pedro Pomar ingressou nas fileiras do P.C.B. (Partido Comunista do Brasil) em 1932 e desde então se portou como um digno combatente da classe operária. Foi um dos principais integrantes da CNOP, Comissão Nacional de Reorganização Provisória, que reorganizou o Partido Comunista do Brasil na Conferência Nacional da Mantiqueira em 1943. 

Com a vitória das forças democráticas e anti-imperialistas contra o nazi-fascismo, a luta democrática ganhou enorme impulso. No Brasil, o Partido Comunista do Brasil conquistou sua legalidade e chegou a eleger uma expressiva bancada de deputados federais e um senador. É também nessa época que o Partido passa a alimentar ilusões de cunho eleitoreiro, indícios de que o revisionismo possuía uma ampla base para o seu desenvolvimento. Pomar, mesmo ocupando postos de alto relevo na direção partidária, nunca se enveredou para o caminho da conciliação e cumpriu com firmeza todas as tarefas e missões colocadas pelo Partido.

Um dos grandes méritos do camarada Pedro Pomar foi o de ter se colocado, de maneira firme e decidida, contra o oportunismo e o revisionismo que ganhavam espaço na organização. Na Tribuna de Debates do Vº Congresso do Partido Comunista do Brasil, Pomar interviu defendendo o Partido contra os desvios oportunistas de direita da direção, influenciada pelas teses revisionistas de Kruschev e o famigerado XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética.

Em 1962, ao lado de Amazonas e Grabois, foi um dos principais dirigentes responsáveis pela reorganização do Partido Comunista do Brasil, demarcando campo com os revisionistas que haviam transformado o Partido em “Partido Comunista Brasileiro” e atolado definitivamente esta organização no pântano do revisionismo. Pomar compreendeu os importantes avanços obtidos pela luta revolucionária do povo chinês e as contribuições teóricas de seu principal líder, camarada Mao Tsé-tung. Foi um grande defensor da luta armada revolucionária para combater o regime fascista dos militares, libertar o Brasil do imperialismo e fazer avançar a revolução proletária.  

Após a derrota da experiência guerrilheira dirigida pelo Partido Comunista do Brasil – que ficara conhecida como “Guerrilha do Araguaia” – Pomar se esforça para compreender os erros que levaram a derrota dessa importante experiência revolucionária. Recusa adotar posições derrotistas e continua defendendo o caminho da luta armada revolucionária até sua morte, em São Paulo, no episódio conhecido como “Chacina da Lapa”, quando bandidos da reação invadiram o local onde se realizava uma reunião do Comitê Central do Partido e executaram de maneira brutal, além de Pomar, o camarada Ângelo Arroyo. Naquela reunião se discutia como o Partido iria interpretar o legado da Guerrilha do Araguaia.

Nós, da União Reconstrução Comunista, inclinamos nossas bandeiras vermelhas em respeito a Pedro Pomar, grande líder e dirigente dos comunistas brasileiros. Sua vida é fonte de inspiração para nossa militância, que saberá honrar sua memória. O camarada Pedro Pomar foi, sem dúvida alguma, um dos maiores marxista-leninistas brasileiros. 

Camarada Pedro Pomar, presente!
Viva o Marxismo-Leninismo!

UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA
São Paulo, 23 de setembro de 2013

RESIDENCIA EM ÓBIDOS - PARÁ



PAINEL 06: Residência da Família Pomar

ANTIGA RESIDENCIA DE PEDRO POMAR
Casa que pertence aos familiares do líder revolucionário Pedro Pomar que, segundo alguns parentes, nela morou, quando menino, em companhia de sua mãe. Assim, esta residência está intimamente ligada à vida desse homem de militância tão expressiva na História política do Brasil.
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, nasceu em Óbidos, em 23 de setembro de 1913, filho de Felipe Cássio Pomar e Rosa de Araújo, uma maranhense chegada a Óbidos quando seu pai, o subtenente Pedro Francisco de Araújo foi transferido para o Batalhão de Artilharia da Costa, nessa cidade. Pedro Pomar recebeu forte influência do avô Pedro Araújo, o que se comprova através de sua marcante atuação política.
O OBIDENSE PEDRO POMAR
Em 1918, a família fez viagem aos EUA, ficando por lá um ano, época em que aconteceu a separação do casal. Dona Rosa, encontrando-se sozinha com seus filhos, retornou a Óbidos, passando a trabalhar como costureira – profissão que exerceu com grande habilidade – onde dizem ter sido a mais criativa modista, costurando para a elite da cidade, inclusive fazendo fantasias para os blocos carnavalescos organizados pelas famílias mais ricas de Óbidos.
Com relação às pessoas para quem Dona Rosa costurava, o fato de vestirem e calçarem-se bem, terem boa alimentação e o melhor lazer, gerou-lhe inconformismo por tanta injustiça e diferença social.

Como estudante, em Belém, Pedro Pomar deu início às suas atividades políticas, nas manifestações de cunho estudantil na década de 30, liderando campanhas reivindicatórias para abatimento de taxas escolares, cinemas transportes etc. Além de fazer oposição ao governo autoritário de Magalhães Barata, ainda participou ativamente nas organizações e lutas de trabalhadores, como estivadores, motorneiros (condutores de bonde) e outros.
PEDRO POMAR E AAMÍLIA
Pedro Pomar foi um dos articuladores da Revolução Constitucionalista (São Paulo), em Belém. Em solidariedade aos revolucionários paulistas, dentre os quais figuravam estudantes, operários e comerciantes. Com a intensificação dessas atividades sofreu muita perseguição do Governo, momentos em que, com solidariedade e companheirismo, Catharina Torres,sua esposa desde 1935, apoiou-o e participou ativamente do momento político.
Pomar trabalhou ainda como jornalista, sendo diretor do jornal Tribuna Popular, e em 1947, concorreu em São Paulo às eleições para Deputado Federal pelo Partido Comunista do Brasil, onde anteriormente havia sido Diretor Regional. Foi eleito e o mais votado, em sua "dobradinha" com o então deputado estadual Mário Lago. Tendo sido o único a exercer o mandato, pois os outros foram cassados.
Por sua intensa atividade no Partido, e principalmente, por sua atuação política, houve uma delação onde um dos participantes da reunião entregou os demais. Em 16 de dezembro de 1976, no Bairro da Lapa, em São Paulo, Pedro Pomar foi assassinado.
Atualmente, a casa ainda pertence a seus parentes, que estão dispersos em Óbidos, Manaus, Santarém, Belém, São Paulo, cidade em que seus filhos são militantes políticos, engajados na mesma luta do pai.
Antiga residência de Pedro Pomar
Na fachada da residência placa do Museu Contextual

FONTE: Museu Integrado de Óbidos
www.chupaosso.com.br

Fotos de João Canto

HOMENAGEM CAMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO - SP

Em homenagem ao seu centenário, legado de Pedro Pomar é exaltado


A Câmara Municipal de São Paulo recebeu na noite desta segunda-feira (20), uma emocionante sessão solene para marcar o centenário do dirigente histórico do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Pedro Pomar – covardemente assassinado pelo Comando do Exército na Chacina da Lapa, em 1976. Familiares de Ângelo Arroyo e João Amazonas também estiveram presentes na homenagem.


 Família Pomar
Família de Pedro Pomar posa para foto com dirigentes do PCdoB

Dirigentes que militaram com Pomar foram à tribuna para anunciar o papel do dirigente na defesa da democracia e do povo brasileiro. Suas características pessoais, seu jeito de debater, convencer, coesionar a militância, sua abnegação e dedicação ao marxismo-leninismo e, principalmente, suas ideias fortificantes e construtoras do trabalho comunista brasileiro foram lembradas e resguardadas.

Pomar começou a militar desde jovem, quando já libertara a sua consciência para as causas coletivas, a defesa da liberdade e da democracia. Sua primeira eleição foi em 1935, quando encabeçou a lista do Partido da Mocidade do Pará. Após 12 anos, recebeu mais de 100 mil votos para deputado federal em São Paulo.

Ideias que venceram
Jonas Villas Boas representou a família de Pomar e disse ter a impressão de que os dirigentes comunistas conheciam mais o pai que ele. “Eu era jovem, mas sempre participava de reuniões nos aparelhos do partido”, rememorou.

“É bom lembrar de toda essa história para que a nossa juventude tome conhecimento do que foi a luta das pessoas que comungavam as suas ideias e morreram por um ideal. Um ideal que se a gente tivesse sempre com a vida, seria melhor”, expressou Jonas.

O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, acentuou o caráter democrático e estratégico da memória. “A ditadura militar brasileira, quando exterminou os seus opositores, teve como proposta fundamental não destruir pessoas, mas queria acabar com uma ideia, um pensamento, um rumo político, uma opção política, porque ela sabia que uma ideia é capaz de transformar as pessoas.”

“Todos nós sabemos que eles foram derrotados e continuarão sendo, a cada vez que nós reafirmarmos e mantivermos a nossa decisão e disposição de exercitar a nossa memória”, manifestou Abrão.

Fortalecimento decisivo do Partido

O presidente Renato Rabelo relembrou que o diálogo entre a Ação Popular (AP) e o PCdoB começou com o texto intitulado “A Proposta da AP”, publicado por Pomar – então redator-chefe do jornal A Classe Operária. “Era o início de um diálogo histórico”, contou Renato, que culminaria na integração da AP às fileiras do PCdoB.

Renato ressaltou o papel de Pedro Pomar, Maurício Grabois, João Amazonas e outros destacados dirigentes na elaboração da teoria marxista-leninista no Brasil, bem como a contribuição desses dirigentes na prática política dos comunistas.

“Eles lideraram um processo de debate interno, o mais importante do movimento comunista brasileiro. Pomar foi um dos signatários da Carta dos Cem e ousou levantar bem alto a bandeira da ideologia marxista e da defesa da linha revolucionária do Partido Comunista do Brasil”, enalteceu Rabelo.



A defesa do marxismo continuou no 5º Congresso do Partido, em que estava em debate entre os comunistas brasileiros duas orientações políticas. Pedro Pomar participou dos debates e seu primeiro texto foi a “Análise marxista ou apologia ao capitalismo”, em que demonstrava o esforço para convencer o conjunto da militância partidária. “Apesar das diversas limitações, confirmo que na luta franca de opiniões, todos nós nos esforçaremos por encontrar as soluções que sirvam à nossa grande causa”, escreveu Pomar.

Para José Luiz Del Roio, historiador e membro do Instituto Astrojildo Pereira, o contexto internacional era nebuloso. “Esses comunistas tiveram que combater não só o problema de terra, desse imenso país, mas também as dificuldades do movimento comunista internacional. Tinham problemas internacionais seríssimos, tinha problema da infiltração de uma nova concepção, a partir do Partido Comunista dos Estados Unidos daquela época, [dizia] que não era mais necessário o partido comunista, [pra eles] o imperialismo não existia mais.”

Características de Pedro Pomar

Após o forum máximo, a 6º Conferência do PCdoB também contou com a participação ativa de Pomar para reorganizar o partido. Nessa conferência, foi eleito para o Comitê Central e como redator-chefe da A Classe Operária. “Pomar era ao mesmo tempo capaz na direção prática e erudito na reformulação política, conhecedor profundo da teoria marxista e dedicado estudioso da realidade brasileira”, exaltou o presidente nacional do PCdoB.

Pedro Pomar chegou a ficar dois anos na União Soviética para estudar. Segundo Aldo Arantes, que militou com o paraense, ele “tinha uma formação sólida, tinha características muito interessantes, era sério, preparado, sabia dialogar, procurava convencer sempre”.

Haroldo Lima, outro dirigente que chegou a atuar com Pomar, no grande comício do Pacaembu, que recebeu o discurso de Luiz Carlos Prestes. 

“[Ele] Nunca ficou em cima do muro e, ao mesmo tempo, nunca trabalhou contra o partido. Morreu sem poder ver o fim da ditadura, sem ver a conquista da tão sonhada democracia, morreu sem poder acabar o debate que tinha começado sobre a Guerrilha do Araguaia”, falou Haroldo.



O vereador e presidente estadual do PCdoB, Orlando Silva, encerrou a atividade explanando a sua honra de presidir a sessão. “Pedro Pomar ajudou a construir a história de nosso país. Ele está presente na eleição do primeiro presidente operário, na primeira presidente mulher e assim nós renovamos o nosso compromisso de seguir conquistando mais direitos para o nosso povo”.

Lançamento do livro Pedro Pomar- Ideias e Batalhas

Após a sessão solene foi lançado o livro de autoria do historiador, Osvaldo Bertolino, Pedro Pomar Ideias e Batalhas. O livro da editora Anita Garibaldi conta a biografia e a trajetória política de Pedro Pomar, com a participação de pessoas que conheciam Pomar de perto, como a viúva de João Amazonas, Edíria Carneiro.

Estavam presentes também na mesa o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, o vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Nivaldo Santana, o deputado estadual e vice-presidente municipal do PCdoB, Alcides Amazonas, deputada estadual de Santa Catarina, Angela Albino, entre diversos membros do Comitê Central do PCdoB.


De São Paulo,
Ana Flávia Marx

LANÇAMENTO BIOGRAFIA EM BELÉM - PARÁ

27 DE SETEMBRO DE 2013 - 12H30 
 Lançamentodo Livro "Pedro Pomar"
 Lançamento do livro "Pedro Pomar Ideias e Batalhas"

 FMG lança livro sobre a biografia do comunista Pedro Pomar


Aconteceu na última quarta-feira (25), no auditório do Instituto de Artes do Pará – IAP em Belém, o lançamento do livro “Pedro Pomar – Ideias e Batalhas” que resgata a memoria e a biografia do comunista nascido na cidade de Óbidos, oeste paraense.


 O livro é de autoria do escritor e jornalista Osvaldo Bertolino que também é pesquisador da Fundação Maurício Grabois.

O autor buscou retratar a historia do comunista paraense Pedro Pomar, sua importância política, sua luta e abnegação em defesa de um Brasil soberano, livre, independente e socialista. Pomar foi um lutador da liberdade, enfrentou duas ditaduras em nosso país, participou da Guerrilha do Araguaia, militante e dirigente comunista abnegado, foi assassinado em uma ação criminosa pelas balas da ditadura militar, episódio conhecido como a “Chacina da Lapa” na década de 70.

Sem dúvidas essa biografia de Pedro Pomar é uma contribuição histórica a luta dos comunistas e também o resgate dos heróis do povo paraense e do povo brasileiro, assim como tantos outros exemplos que temos o orgulho de tê-los como irmãos de nosso lindo e grandioso Pará, como: João Amazonas, Dalcídio Jurandir, Eneida de Moraes e tantos outros lutadores nascido em terras paraenses. Realmente um livro que te prende e fascina do inicio ao fim.

No mesmo evento foi instalado a Sessão Pará da Fundação Maurício Grabois e apresentados seus dirigentes. A executiva é composta por: Eneida Guimarães, Edval Bernardino Campos, Maria do Socorro Ferreira, Humberto Mariano, Jureuda Guerra e Paulo Fonteles Filho. A entidade conta também com um Conselho Consultivo composto por: Joaquina Barata, Carlos Alberto, Michel Sodré, Marcelo Sarraf, José Maria Reis e Jorge Farias.

Participaram da mesa de abertura do evento a vereadora de Belém Sandra Batista; representando o reitor Juareis Quaresma da UEPA o professor Paulo Guerreiro; representando a reitora Ana Celia da UNAMA a professora Estela de Morais, representando a UFPA, contamos com a presença do pró-reitor Fernando Artur, pelo comitê estadual do PCdoB seu presidente Jorge Panzera; Osvaldo Bertolino escritor do referente livro e Eneida Guimarães que coordenou o evento.

Logo após a apresentação do vídeo documentário sobre Pedro Pomar foi servido um coquetel e aberto para assinatura do autor.

De Belém, Moisés Alves

LANÇAMENTO BIOGRAFIA EM ÓBIDOS

Biografia de Pedro Pomar é lançada em sua cidade natal

Por Osvaldo Bertolino
Com a presença de autoridades, intelectuais, representantes e populares e estudantes, a biografia de Pedro Pomar foi lançada em sua terra natal, Óbidos, uma histórica cidade localizada na região Oeste do Estado do Pará. Estiveram presentes o jornalista Osvaldo Bertolino, pesquisador da Fundação Maurício Grabois e autor da obra, e Eneida Guimarães, presidenta da Fundação Maurício Grabois no Estado do Pará.
Osvaldo Bertolino, Paula Andrea, Sandro Silva, Haroldo Tavares, Eneida Guiomarães e Ricardo dos Santos Lima

Na manhã do dia 6 de dezembro de 2013, a cidade de Óbidos, na região Oeste do Estado do Pará, viveu mais um dos dias em que seus filhos ilustres são reverenciados. No auditório Francisca das Chagas Simões Pantoja, do Museu Integrado de Óbidos, ocorreu mais um lançamento da biografia “Pedro Pomar — ideias e batalhas”, de autoria do jornalista e pesquisador da Fundação Maurício Grabois, Osvaldo Bertolino. O evento foi organizado pela Associação Cultural Obidense (Acob) e pela sessão paraense da Fundação Maurício Grabois, presidida por Eneida Guimarães, presente no lançamento.
Haroldo Tavares, presidente da Acob, presidiu a sessão solene. Estiveram presentes secretários municipais, vereadores, representantes de partidos, artistas, intelectuais, estudantes, convidados e amigos da família Pomar, num total de aproximadamente 50 pessoas. A Fundação Maurício Grabois do Pará foi representada pela sua presidenta, Eneida Guimarães. Os dois presidentes das entidades que organizaram o evento, além do autor, foram convidados para ocupar a mesa.
Compuseram a mesa, também, Sandro Augusto Inomata da Silva, secretaria municipal de Cultura e Turismo, representando o prefeito Mário Henrique de Souza Guerreiro (PMDB); Isomar Castro Barros, secretaria municipal de Desenvolvimento Rural e Abastecimento e presidente municipal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB); Carlos Augusto Sarrazin Vieira, professor da disciplina História de Óbidos do Colegio Raymundo Chaves e representante do Instituto Geográfico do Estado do Pará; Paula Andrea do Amaral Gomes, vereadora e representante da Câmara Municipal; e Ricardo dos Santos Lima, pastor da Congregação Batista Nova Esperança, representante das igrejas evangélicas.
Intelectuais, representantes populares e estudantes assistiram ao evento
Inicialmente, Haroldo Tavares fez uma síntese da vida de Pedro Pomar, destacando que a biografia “é a história completa de um conterrâneo”. Segundo ele, na ordem cronológica dos grandes obidenses Pedro Pomar é o terceiro — depois dos escritores José Veríssimo e Inglês de Sousa, que participaram da fundação da Academia Brasileira de Letras. A posição de Pedro Pomar, disse Haroldo Tavares, se deve à sua clareza, conhecimento, lealdade e tudo aquilo que ele defendeu desde seus vinte e poucos anos até a morte trágica.
Ao narrar o breve histórico de Pedro Pomar, Haroldo Tavares relatou um fato curioso. Segundo ele, ao remexer seus “alfarrábios” em uma pilha de documentos antigos encontrou um exemplar do Diário Oficial do Estado do Pará do dia 4 de novembro de 1913 em que o médico Silas Andrade atendeu a um requerimento da professora Rosa Cândida Ventura Pomar — a mãe de Pedro Pomar — pedindo a justificativa de 25 dias que faltara. Haroldo Tavares fez as contas: como Pedro Pomar nasceu em 23 de setembro de 1913, ela estava “de parto”; naquela época, quando as mulheres davam à luz passavam 40 dias reclusas, detalhou.
Diário Oficial com anúncio sobre “licença maternidade” da mãe de Pedro Pomar
Muito tempo depois, o médico Silas Andrade, já membro do Partido Comunista do Brasil, receitaria o remédio que teria a função de adormecer os guardas do presídio do Umarizal, em Belém, para a fuga de Pedro Pomar e João Amazonas em direção ao Rio de Janeiro. “Silas Andrade foi meu padrinho de batismo”, revelou Haroldo Tavares. “São essas coisas que nos levam a pensar que precisamos preservar nossa história, nossa cultura, nosso patrimônio, nosso passado. Eu quero nesse momento oferecer ao jornalista Osvaldo Bertolino esse Diário Oficial”, comunicou. O documento já está devidamente arquivado no Centro de Documentação e Memória (CDM) da Fundação Maurício Grabois. Haroldo Tavares também informou que a Acob ganhou de Adelson Moraes, que quando jovem foi encaminhado ao Rio de Janeiro para estudar, a máquina de escrever de Pedro Pomar — com quem morou na então capital federal.
Máquina de escrever de Pedro Pomar
Eneida Guimarães falou em seguida e disse que a Fundação Maurício Grabois tem a preocupação de juntar as pessoas que lutam por avanços para a sociedade brasileira. Ela comentou brevemente a trajetória de Pedro Pomar e ressaltou suas contribuições para diversos setores. Destacou suas atividades políticas voltadas para a democracia, o progresso social e a independência nacional; jornalísticas, com a qual procurou levar as ideias progressistas para o povo; e esportiva. Informou ainda que ao optar pelo estudo da medicina sua preocupação era a de cuidar das pessoas. Segundo Eneida, na biografia há diferencial: a citação de muitas mulheres. “Fiquei muito surpreendida com isso. A biografia destaca a sua ligação com a história da mãe e de muitas mulheres que foram lutadoras como ele”, afirmou. Eneida ressaltou também a contribuição de Pedro Pomar no campo das artes e da intelectualidade.
O secretário municipal de Cultura e Turismo, Sandro Augusto Inomata da Silva, registrou que neste ano foram lançados vários livros em Óbidos, atestando o gosto do obidense pela cultura. Ele cumprimentou o autor da biografia de Pedro Pomar pela iniciativa e pelo trabalho, destacando que o livro ajudará a comunidade local a ter mais informações, conhecimentos e experiências. Registrou também que o livro foi lançado no ano em que o Partido Comunista do Brasil completou 91 anos e Pedro Pomar cem anos. Lembrou que a Câmara Municipal fez sessão solene para homenagear Pedro Pomar na data do seu centenário de nascimento e que o Colégio Raymundo Chaves desfilou em 6 de setembro contando a história de Pedro Pomar. Destacou ainda mais uma coincidência: Eneida de Moraes, escritora e amiga de Pedro Pomar, tinha o mesmo nome da presidenta da Fundação Maurício Grabois no Estado do Pará. Sandro encerrou sua fala cumprimentando o jornalista Osvaldo Bertolino em nome do prefeito, da Secretaria de Cultura e do povo obidense.
Isomar, Haroldo Tavares, Adelson, Osvaldo Bertolino, Paula Andrea, Sandro Silva e Eneida
A vereadora Paula Andrea, que é também professora de história, disse que se sentia  lisonjeada, emocionada e feliz pela lançamento do livro. Ela falou brevemente da tramitação do projeto de iniciativa popular que institui a “Comenda Pedro Pomar” e informou que na aprovação haverá uma cerimônia para a qual serão convidados familiares e amigos do biografado. Paulo Andrea terminou dizendo que é importante a valorização da biografia por trazer uma belíssima história do Brasil e do município de Óbidos.
Isomar Castro Barros, secretario municipal de Desenvolvimento Rural e Abastecimento e presidente do PCdoB local, falou sobre a importância de Pedro Pomar para a história do Brasil e de Óbidos, e enfatizou que fica com a responsabilidade de honrar o seu legado e dar continuidade à obra do Partido Comunista do Brasil. “Pedro Pomar deixa exemplos, como filho de Óbidos, de lutas para se buscar uma sociedade melhor”, observou.
O professor Carlos Augusto Sarrazin Vieira iniciou sua fala pedindo para seus alunos do colégio Raymundo Chaves se levantar para mostrar as camisetas com a foto de Pedro, usadas no desfile de 6 de setembro. “Para nós, obidenses, participar do lançamento desse livro é um honra”, disse ele. “Essa obra vai aumentar e enriquecer nossos conhecimentos, e vai aumentar o nosso orgulho de ser obidense”, afirmou. Ele informou que Óbidos é o único município do Pará que conta em sua grade curricular com uma disciplina própria sobre a história do município.
Segundo ele, Pedro Pomar teve grande importância na sua implantação. “Porque o Conselho Estadual de Educação não queria que a disciplina ‘História de Óbidos’ fosse implantada no município alegando que ela poderia ser contada dentro da disciplina ‘Estudos da Amazônia’. Tivemos que contra-argumentar, citando Inglês de Souza e José Veríssimo como membros da Academia Brasileira de Letras; e Pedro Pomar como um dos maiores nomes da esquerda brasileira, uma inteligência brilhante”, detalhou.
Professor Carlos Augusto Sarrazin Vieira e Eneida Guimarães
Carlos Augusto Sarrazin Vieira citou outras importantes personalidades obidenses, entre elas Constantino Barros, um dos maiores matemáticos do século XX. “Batemos na mesa e comunicamos ao Conselho que mesmo sem autorização implantaríamos a disciplina; eles voltaram atrás”, informou. Com isso, disse o professor, em cerca de dois anos o quase completo desconhecimento sobre Pedro Pomar foi revertido. Ele disse que tem trabalhado no Colégio com projetos de resgate da história obidense e que neste ano o tema foi “Tributo a Pedro Pomar”.
Segundo Carlos Augusto Sarrazin Vieira, a semente foi plantada em março e contou com apoio da direção do colégio, da coordenação pedagógica e dos professores. O resultado foi o desfile de 6 de setembro, com os alunos “levando com muito orgulho a foto de Pedro Pomar”. O evento mostrou a militância de Pedro Pomar na esquerda, atuando em diferentes frentes — política, jornalismo, medicina e esporte, cada uma delas representada por uma ala devidamente ornamentada — e foi aplaudido de pé pela população, segundo o professor.
Alunos do Colégio Raymundo Chaves que desfilaram em homenagem a Pedro Pomar
Ele informou também que na oportunidade foi apresentado à Câmara Municipal um projeto de iniciativa popular criando a “Comenda Pedro Pomar”. “Pedimos que fosse quebrado todos os prazos regimentais para ser aprovado em regime de urgência. Não sei como anda, não recebemos nenhuma comunicação”, observou. Carlos Augusto Sarrazin Vieira pediu aos vereadores que aprovem o projeto “como uma forma de reverenciarmos esse filho ilustre da nossa cidade”. Ele encerrou sua fala convidando a aluna Jaine, de 13 anos de idade, da 8ª série, que pintou um quadro de Pedro Pomar.
Quadro com desenho de Pedro Pomar, da aluna Jaine
O autor da biografia, Osvaldo Bertolino, encerrou as intervenções fazendo um relato sobre a história do livro, enfatizando pontos importantes da trajetória de Pedro Pomar. Destacou o cenário mundial do começo dos anos 1930, quando o biografado iniciou suas atividades, mostrando que havia um forte influxo do nazi-fascimo no Brasil. Ao ingressar no Partido Comunista do Brasil, Pedro Pomar iniciou a sua militância multifacetada, sempre combatendo os inimigos do povo, da democracia e da soberania nacional, enfatizou. Segundo o autor, a biografia é inteiramente baseada em fatos, narrados pelo próprio biografado, por seus contemporâneos, pelo seu Partido e pelos documentos da época. “Não há subjetividade nem dedução do autor”, enfatizou.
Osvaldo Bertolino autografa biografia para Adelson Moraes, primo de Pedro Pomar
Na oportunidade também foi exibido o documentário “Pomar de ideias e batalhas”. Em seguida, ocorreu a sessão de autógrafos. Os portais “Chupa Osso”, representado por Odirlei dos Santos, e “Portal de Óbidos”, represtando por Edsérgio Morais, além da TV Sentinela e da TV e Rádio Atalaia, registraram o evento.